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Você não vai precisar fazer uma prova sobre esse texto e nem vai ser avaliado então não tem por que ler. É altamente recomendado que você pule essa publicação.

Ao contrário do que todo mundo pensa, o hábito da leitura não é sobre acumular recordes de livros lidos em uma semana, existe uma diferença muito fundamental entre o ato de ler e a proeza de absorver um conhecimento. O sistema tradicional de ensino nos obriga a consumir livros e encher o estômago do cérebro com o máximo de informação possível para assim termos uma indigestão de “conhecimento” e vomitarmos decorebas com o propósito de conseguir aquela tão desejada nota. A nota máxima que vai provar para seus colegas, pais e professores que você cumpre com os padrões de inteligência estabelecidos pelo respeitado mundo acadêmico.

Nietzsche infelizmente acertou bastante em alguma de suas falas, de acordo com ele, o mundo acadêmico está cheio de estudiosos cujo papel é um só, acumular o máximo de conhecimento possível para que sob o papel de autoridade, possam repassar esse eruditismo com classe e soberba no ato de ensinar ou se aparecer. O problema em pauta é a diferença entre ser um wikipédia humano que adora mencionar nas rodas de amigos a precisão histórica do dia que napoleão tropeçou em uma pedra brita e ser um humano sábio que consegue aplicar com perspicácia as valiosas palavras de um autor em um momento importante de decisão profissional ou pessoal da sua vida.

A leitura por obrigação é mais uma penitência do que um ato de evolução. Agora a leitura da alma livre, que nasce do fruto da curiosidade, essa sim tem o poder de mover montanhas, por que quando existe um interesse genuíno em pesquisar sobre um assunto, a absorção das palavras lidas e a polinização mágica do conhecimento na atmosfera da mente ocorre de maneira muito mais natural e eficiente. A primeira exige acumular pilhas de livro, a segunda não exige sequer terminar um livro ou ler a página do wikipédia até o final, apenas a racionalidade para validar através da razão e correlação de dados a veracidade do que está se consumindo. O desafio, e ao mesmo tempo, o segredo, é cultivar o dom da curiosidade, a famigerada fome por sabedoria que se difere fundamentalmente de conhecimento.

A estratégia? Entrar em uma livraria sem a intenção de compra, da mesma maneira que fazemos com roupas e outros bens materiais que diferente do conhecimento, perdem seu valor com o tempo e gastam o seu dinheiro ao invés de gerar mais riqueza em longo termo. A partir do momento que você está em um ambiente de mimos para o seu cérebro, tudo fica mais fácil. É só uma questão de flertar com as capas e os títulos disponíveis, questionar que tipo de campo de estudo mais faz sentido com a sua profissão ou personalidade. Ficção para inspirar seu coração com arte? Auto-ajuda para servir de apoio à terapia? Filosofia para te cutucar e desenvolver seu senso crítico? História para te ensinar com os erros do passado? Política para te fazer um cidadão mais ativo na sociedade? Psicologia para te fazer um melhor profissional de marketing? Infinitas possibilidades escritas por uma infinitude de mentes brilhantes.

O plano de ação? Se cercar de livros. Espalhar livros no escritório, no quarto ou na sala. Plantar armadilhas para sua mente que é bombardeada diariamente por distrações e fazer ela lembrar que logo ali, do lado da sua xícara de café, ou embaixo do seu doguinho que ta tirando um sono em cima da cópia de O Mundo de Sofia, tem aquele livro que um dia despertou seu interesse e assim lembrar constantemente que ele está te flertando com a ideia de te ensinar algo novo. O mais importante é não se cobrar, é o livro que te deseja, não você que deseja ele. Não existe obrigação alguma de ler ou terminar ele, ninguém ta te cobrando e você não precisa provar para ninguém, nem mesmo você, se você realmente entendeu aquelas páginas.

A magia? Essa parte vai explodir tua cabeça, não vai deixar o celular cair hein. Quando o livro conversa com sua curiosidade, tudo muda. Cada palavra, cada frase e cada ideia que viaja da página do livro para a dimensão do seu intelecto, se torna parte de você para todo o sempre. Mesmo se a leitura não faz sentido na hora, não vai ter uma avaliação te esperando para te testar se você aprendeu, seu cérebro vai ter quanto tempo ele quiser para processar com calma e degustar aquele presente. Quando você menos esperar, daqui algumas semanas, alguns meses ou alguns anos, em um momento decisivo da sua vida, ele vai te presentear de volta seu esforço em ter estudado de maneira autônoma no passado. Te destacando no seu trabalho ou te ajudando a solucionar um desafio pessoal.

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Manifesto Sentient

Raquel RosaRaquel Rosamaio 5, 2024

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